quarta-feira, 27 de abril de 2016

Quando falta uma peça do puzzle,
aquela que nem é significante, 
aquela que fica naquele cantinho inferior, 
aquela que só é notada pelo bom observador.
Mas não está lá, fica a frustração.
Não está completo.
Não está acabado.
É a imperfeição.
Em criança os puzzle me fascinavam.
Sentia que estava em construção.
Sentia orgulho de o completar.
Ficava tão feliz que subia nos arco-íris.
Ser infantil é uma delicia!
Quando lembro dela, não parece que ela sou eu.
Penso que ela é uma amiga que foi embora.
Mas sou eu, ou o que eu era. 
Eu sinto saudade de mim.
Cresci aprendendo a construir.
Montei o puzzle: a minha vida.
Do meu mundo.
Sem me confundir.
Cheia de certezas.
Até que surgiu o vento.
Primeiro soprou mansinho.
Depois transformou-se em tempestade.
Foi muito mau.
E fez uma festa.
Derrubou tudo.
E ainda, me levou uma peça...
A vida é um puzzle, desde quando abrimos os olhos pela manhã, desde o momento que juntamos sentimentos, actos, pessoas, memórias, melodias, sabores, sensações.
Foi acumulando as peças como se escrevesse um livro, preenchi páginas que servem de pensamentos, de lembranças, de reflexões. Guardei-as, escondi-as ...
Mas, às vezes chega a altura certa , e vou destapá-las. Organizo-as por tons, por alegrias, por tristezas, por texturas…construo um quadro, disfarçadamente daquilo que me perturba, sentindo a recordação que tende a não desaparecer.
A vida é um puzzle imperfeito, nunca sei o lugar correcto das suas peças.
Eu…
Sou uma simples peça de um puzzle que alguém monta,
uma peça na vida 
uma peça de um passado…
de um futuro…
de alguém…
Aos poucos vou montando as peças, peço-vos continuem a me ajudar a construir... ,só mais um.

Sem comentários:

Enviar um comentário