sexta-feira, 13 de maio de 2016

Todos nós temos uma Tia!
Uma Tia especial!
Quer se chame Maria,
ou outro nome qualquer,
fica-nos sempre na memória.
A minha,
era a TIA MARIA
Na minha infância,
esteve totalmente disponível para mim,
até para as brincadeiras maçadoras,
na adolescência,
compreendia a revolução
da minhas hormonas.
Conseguia sempre me salvar dos castigos
impostos pelos meus Pais.
Já não está entre nós,
mas, é sempre lembrada
com amor, com muito carinho,
por mim, por todos os meus irmãos,
por todos os meus sobrinhos.
Todos temos recordações
da boa comida,
petiscos,
ovo escaldado,
bolinhos fritos,
biscoitos!!!
gelatina de marmelo,
o requeijão com folha de hortelão!
Tudo delicioso.
Estes paladares, são únicos.
E guardo todos os cheiros.
As histórias contadas à noite,
tinham realidade,
tudo teatralizado
com colocação da voz ,
com a imitação dos sons,
com música...

Lindas as fábulas de La Fontaine.
Beltrãozinho.
O Rato da cidade e o rato do campo.
A Raposa e as Uvas.
Muitas, muitas mesmo,
todas elas com efeito de ensinar
alertar para os perigos da sociedade.

A História de Portugal contada por dinastias.
O Sebastianismo, fiquei fascinada
com desaparecimento misterioso,
na Batalha de Álcacer-Quibir,
sua sucessão para o Cardeal Dom Henrique.

Os poemas de Fernando Pessoa
Ainda o sei de cor
"Está escuro,
Está muito escuro aqui.
Sinto-me inútil aqui dentro,
fechado.
Mas é aqui que me sinto.
Na escuridão…
Na solidão…"

Os de Miguel Torga
estão na minha memória
"Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino"

E, outros, muitos,
muitos que eu nem sei o autor,
lembro-me deste sempre
que faz trovoada ou chove muito.

"Santa Bárbara se vestiu e se calçou,
e ao caminho se deitou,
Jesus Cristo a encontrou.
Bárbara onde vais,
eu nem vou nem deixo ir ,
só ao céu quero subir,
para espalhar esta trovoada
que no céu anda armada.
Vai Bárbara e espalha
por onde não haja pão nem vinho ,
nem pintainho a piar ,
nem porquinhos a roncar,
nem cordeirinho a berrar,
onde esteja uma serpente,
que tenha filhos
que não tenha nada para lhe dar
se não água de turbal
que é leite de maldição."

A minha tia Maria,
tinha alma de poeta,
escrevia poesia,
cantava
encantava.

Foi ela que me falou de Luís de Camões,
dos Lusíadas da Epopeia ,
da Divina Comédia de Dante:
-Inferno, Purgatório e Paraíso.

Gil Vicente, da história do Teatro.

Era realmente encantadora,
conseguia nos concentrar
para ensinar
o que era realmente importante.
Era tão dócil
Tão bondosa!
E cresci com as memórias
da minha Tia Maria.
Linda!
Meiga,
com voz suave,
e um par de olhos castanhos
cor de avelã e doces como o mel.

Muitas vezes estou a dizer:
- A Tia Maria dizia assim,
- Tia Maria fazia assim...
A sua alma ficou entre nós.
Obrigado Tia!
Eu, e todos aprendemos contigo
a ser melhor pessoa

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