sábado, 7 de maio de 2016


Voltar à infância.
Na minha infância tive privilégios,
exclusivos, só meus.
Por ser criança tive uma espécie de imunidade
não tinha responsabilidade.
Só me lembro de brincar todo o dia.
Tinha as bonecas,
roupas, peças de mobílias de quarto
de cozinha etc.etc
Algumas eram novas,
outras já vinham das minhas irmãs,
O ferro de passar a carvão, eram das minhas tias,
esse ainda resiste ao tempo,
tenho-o comigo.
Vivi, rodeada de animais.
Brinquei com todos!!!
Os coelhos brancos de olhos vermelhos,
As chinchilas ternurentas
e muito mimados.
Os porquinhos da índia,
não dava muito para brincar,
não se deixavam apanhar,
corriam e guinchavam
e pouco simpáticos.
Os pássaros,
os canários amarelos
eram os que despertavam mais atenção,
chilreavam durante todo o dia,
só à noite ficavam no poleiro
com o bico dentro da asa.
No pombal,
montei tantas vezes a casa das bonecas.
E ficava lá no alto.
As pombas eram as únicas com liberdade de entrar e sair,
mas,tinham todas armelas amarelas
na pata direitas e numeradas.
Regressavam só para comer beber água e dormir.
Os peixes, só tinham a minha atenção,
quando não podia brincar no jardim,
ou estava de castigo,
aí, sim eu contemplava-os
reconheço que me tranquilizavam.
Tive um hamster branquinho,
polvilhava-o sempre com pó talco
e deitava-lhe umas gotinhas de "bien-être".
Ele circulava livremente pelas minhas costas,
braços, pescoço...
A Mãe,não gostava nada deste bichinho,
que de tantas vezes foi repreendida,
que também deixei de gostar dele,
ficou arquivado na gaiola.
O mais amigo de todos,
o companheiro de todas as brincadeiras
era o cão, o "Apollo".
Nas corridas em volta da casa era campeão!
Percebia os meus sentimentos era
obediente e muito meigo.
Não deixava estranhos se aproximarem de mim,
nem mesmo a minha Mãe,
quando ele percebia que era para
chamadas de atenção.
Vestia-lhe roupas,escovava-o
dava-lhe comida na boca
Era tratado como um bébé,
só não dormia no meu quarto,
porque não era permitido a entrada de animais dentro de casa.
Morreu muito velhinho
cansado de tanta brincadeira,
e de zelar pelos donos,
porque foi sempre um bom cão de guarda.
Foi substituido por outro cão,
também "Apollo",
porque a partir de 1968,
com a chegada dos americanos à Lua,
todos os cães que se seguiram
chamaram-se "Apollos".
Na casa dos meus avós paternos,
onde passava as férias de Verão,
aí sim, haviam todos os animaís de quinta:
-galinhas, pintainhos, patos,vacas,
cabras, ovelhas, porcos, cães e gatos.
Aí, era uma festa andar a espreitar as casas da bicharada.
Rebolar na terra,
correr entre o trigo,
depois as vindimas,
andar suja e cheia de arranhões...
É sempre com o amém da Tia Maria.
Com os gatos,
nunca tive muito convivio,
os que apareciam por casa eram só visitas,
nunca sabia quem era o dono.
Foi observando o seu estilo de vida,
a sua independência,
a sua auto-suficiência,
personalidade,
para além da beleza,
fez-me pensar
ao escolher ser animal,
só quero ser gato!
Ter liberdade, astúcia, agilidade,
cair sempre de pé,
ir sempre onde eu quero
e quando quero...
E ter a honra de ter sete vidas!
Que os "Apollos"
e todos os cães me perdoem!
Porque também os adoro.

Sem comentários:

Enviar um comentário